quinta-feira, 11 de setembro de 2014

São Luiz, padroeiro do parto humanizado



Doutor Luiz é um homem simples de pensamento complexo. Sabe que a medicina não é uma ciência exata e que sua profissão precisa ser recheada de humanismo. Compreende que a saúde não deve ser vista como mercadoria. Tem a sabedoria para entender que as mulheres grávidas são, acima de tudo, portadoras de vida e que as vidas delas estão em suas mãos.
 
Minha esposa é sua paciente. Fez o pré-natal com doutor Luiz. Para o nascimento foram vinte e cinco horas de trabalho de parto, nenhum minuto sem a presença do padroeiro. Demos entrada na maternidade no sábado, finzinho de tarde. A bebezinha, minha maravilha, nasceu às 16:15 do dia seguinte, dia dos pais.

 

Foram horas duras para minha esposa, vivemos momentos de quase desespero com as contrações. Mas fomos orientados permanentemente pelo doutor Luiz. Ele chegou um pouco antes da gente no hospital e só saiu depois de constatar que tudo estava em ordem, que minha filha mamava bem, que sua mamãe se recuperava com certa tranquilidade.

Médicos como o doutor Luiz são raros, infelizmente. A lógica do capital, do mercado, do lucro, da rentabilidade, predomina na medicina brasileira. O parto humanizado demanda tempo e no mundo capitalista “tempo é dinheiro”. No caso, mais gastos para os planos de saúde e menos dinheiro para os médicos que podem fazer várias cesárias numa manhã de dia útil. Mas minha bebê quis nascer no final de semana e deu sinais bem antes. Menos dinheiro, porém mais vida. Nasceu saudável, serelepe, no tempo certo, da maneira correta para situações normais.


O Luizinho, como os chegados o chamam, é homem preocupado com a vida. Dinheiro é importante sim, mas a profissão para ele é uma vocação. Vida vocacional dedicada a trazer ao mundo crianças bem formadas, maduras. Tem paciência, disposição, disponibilidade para esperar a hora em que o bebê está pronto para chegar. É a vida dentro da mãe que decide e não o obstetra.


Essa lógica exige também humildade. Nosso Luizinho é doutor de verdade, tem sabedoria para entender que não pode controlar tudo, tem experiência para conviver com a insegurança de um parto natural ou normal. Está preparado para exercer uma medicina humanizadora.


Sou muito grato ao doutor Luiz, meu padroeiro do parto humanizado. Bem aventurado seja. Que sua maternidade nasça para que possa continuar parindo vidas em abundância.


Flávio Munhoz Sofiati é professor de Sociologia na UFG, marido apaixonado e pai vislumbrado.

Nenhum comentário:

Postar um comentário